sexta-feira, 4 de junho de 2010

Interfaces digitais para a organização e representação do conhecimento Aneridis Monteiro1

Interfaces digitais para a organização e representação do conhecimento
Aneridis Monteiro1
Vivemos em um mundo de constantes mudanças, principalmente do ponto de
vista da aprendizagem. Há um número representativo de pessoas que tem
dificuldades em aprender o mínimo necessário exigido para sobreviver nos dias
atuais, pois há uma avalanche de informações; o que necessariamente não
significa dizer uma avalanche de conhecimentos.
Pode-se afirmar que nunca as pessoas de uma sociedade foram tão
bombardeadas com tantas informações simultaneamente. Este momento social
pode ser denominado de “sociedade da aprendizagem”, uma sociedade onde
“aprender constitui não apenas uma exigência social crescente – que conduz
ao seguinte paradoxo: cada vez se aprende mais e cada vez se fracassa mais
na tentativa de aprender” (POZO, 2004).
O referido autor afirma ainda que “essas demandas crescentes da
aprendizagem produzem-se no contexto de uma suposta sociedade do
conhecimento, que não apenas exige que mais pessoas aprendam cada vez
mais, mas que aprendam de outra maneira, no âmbito de uma nova cultura da
aprendizagem, de uma nova forma de conceber e gerir o conhecimento, seja
na perspectiva cognitiva ou social” (POZO, 2004).
Sendo assim e transportando esta reflexão para o interior das
instituições escolares temos que nos reportar-nos à possibilidade do uso das
tecnologias como formas alternativas de aquisição de conhecimentos, e que
essas tecnologias impliquem “formas específicas e identificáveis de mudança
social, econômica e cultural, ou seja a assunção da tecnologia como elemento
integrante e essencial na organização social e da nossa experiência subjetiva.”
(DAMASIO, 2007, p. 67).
Diante dessas perspectivas e expectativas que apontam imediatas
necessidades de direcionar a escola e as aulas a novas possibilidades de
aquisição e construção de conhecimento, é que a escola, a sala de aula, os
1 MONTEIRO, Aneridis A. Interfaces digitais para a organização e representação do conhecimento.
São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, 2008.
professores e a educação formal não devem se acomodar ou permanecer
estagnada.
Como afirma Gadotti (2000) na sociedade do conhecimento é preciso
múltiplas oportunidades de aprendizagens, portanto, cabe à escola
amar o conhecimento como espaço de realização humana, de
alegria e de contentamento cultural; cabe-lhe selecionar e rever
criticamente a informação, formular hipóteses, ser criativa e
inventiva, ser provocadora de mensagens e não pura receptora,
produzir, construir e reconstruir o conhecimento elaborado.”
(GADOTTI, 2000, p. 251)
Assim, a escola passa a ser um espaço onde se gesta conhecimento e
não apenas o transmite.
Uma breve reflexão sobre a escola e as exigências atuais, leva a afirmar
que cabe à escola munir seus alunos com habilidades e competências exigidas
em tal momento social, nesse caso
a sociedade do conhecimento traduz-se por redes, ‘teias’ (Illich),
árvores do conhecimento, sem hierarquias, em unidades
dinâmicas e criativas, em conectividade, intercâmbio, consulta
entre instituições e pessoas, articulando contatos e
vínculos.(GADOTTI, 2000, p.251)
Segundo Martínez (2005), atualmente, um dos desafios postos às
escolas dos países em desenvolvimento é responder à demanda de acesso
universal a educação, além de ofertar uma educação que se preocupe com a
diversidade cultural, com o desenvolvimento das comunidades que com o
passar dos tempos vem adquirindo papéis bem mais ativos nas decisões,
principalmente educativas.
Tais afirmativas remetem-nos a pensar no uso da Internet, em
ferramentas cognitivas, em Tecnologias da Informação e da Comunicação
(TIC), em redes de comunicações, em novos espaços de ensinoaprendizagem,
em inéditos desafios para criar e partilhar conhecimento.
Novas formas de ensinar e aprender, estes são os grandes desafios da
educação para atender ás atuais demandas sociais.
Partir do pressuposto que os alunos conhecem e utilizam os
computadores e ambientes virtuais, é uma premissa favorável para a utilização
dos mesmos em sala de aula.
O uso do computador como apoio á aprendizagem deve ser significativo
para que se torne uma ferramenta cognitiva ou como afirma Jonassen (2007)
as aplicações pedagógicas da informática são feitas com a exigência que os
alunos pensem de forma significativa a fim de utilizarem tal recurso como
representação de sua capacidade de produzir conhecimento e não apenas
reproduzi-los e assim há necessidade do envolvimento cognitivo dos alunos, e
essa é uma possibilidade de melhorar qualitativamente seu desempenho.
Inúmeras são as possibilidades de uso, mas atualmente muitos
educadores usam os fotologs, videologs, weblogs pois eles “são aplicativos
fáceis de usar que promovem o exercício da expressão criadora, do diálogo
entre textos, da colaboração”, afirma a educadora Suzana Gutierrez, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul; ela ainda reforça que “os blogs
possuem historicidade, preservam a construção e não apenas o produto
(arquivos); são publicações dinâmicas que favorecem a formação de redes”;
além dos weblogs que “abrem espaço para a consolidação de novos papéis
para alunos e professores no processo ensino-aprendizagem, com uma
atuação menos diretiva destes e mais participantes de todos” (GUTIERREZ,
2007)
Os blogs, fóruns, chats, PodCasts por exemplo, podem ser usados de
infinitas formas como recursos educacionais para criar textos, relatórios de
visitas, publicarem fotos e vídeos produzidos pelos alunos, conseqüentemente
eles passam a participar de seu processo educativo e de construção de
conhecimento e deixam de ser meros expectadores-passivos.
Moran (2007) afirma que existem diversas possibilidades de utilização
dos blogs na escola, quer pela facilidade de sua publicação, que não exigirá
conhecimentos específicos de tecnologia de seus usuários; quer pelo fascínio
que estes recursos exercem sobre os alunos. No entanto, aos professores,
cabe a tarefa de se adequarem ao mundo virtual de seus alunos e não ficar
alheios a este contexto.
Outro recurso interessante a ser usado através da Internet para
desenvolvimento de pesquisa em grupos é o webquest.
Moran (2007) relata que a webquest pode ser usada em uma atividade
de investigação e pesquisa onde os alunos interagem com as informações
organizadas, geralmente elaborada pelo professor, para ser solucionada pelos
alunos, em grupos. Esta atividade “propicia a socialização da informação: por
estar disponível na Internet, pode ser utilizada, compartilhada e até reelaborada
por alunos e professores de diferentes partes do mundo. O problema da
pesquisa não está na Internet, mas na importância que a escola dá ao
conteúdo programático do que à pesquisa como eixo fundamental da
aprendizagem.”
O importante é saber em que os computadores, as ferramentas
disponíveis, as novas tecnologias, a Internet, por exemplo, podem contribuir
para a melhoria da qualidade das aulas e do ensino-aprendizagem, além de
favorecer o construcionismo (PAPERT apud Damásio, 2007, p.125).
A teoria construcionista pode ser entendida como “na forma como o
conhecimento é construído e transformado quando é expresso através de
diferentes media”. Para Papert2 “a chave do ensino reside na projecção
individual de idéias através da expressão dessas mesmas idéias em ordem à
criação de mecanismos de comunicação com os outros”. (DAMÁSIO, 2007, pg.
125)
Neste caso, os sujeitos se desenvolvem através de expressões
individuais que encontram nas tecnologias computacionais o principio do
processo individual de criação de expressões cognitivas.
KENSKI (p. 47) afirma que em relação à educação, “as redes de
comunicação trazem novas e diferenciadas possibilidades para que as pessoas
possam se relacionar com os conhecimentos e aprender”. Novas formas de
ensinar e aprender, estes são os grandes desafios da educação para atender
às atuais demandas sociais.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2 Dr. Seymour Papert, nascido em 01/03/1928, em Pretrória - África do Sul; matemático, educador
consagrado do Instituto Tecnológico de Massachusetts (Massachusetts Institute of Technology, MIT),
um dos pioneiros da Inteligência Artifial, bem como inventor da linguagem de programação LOGO.
BERTOCCHI , Sônia. Blog diário virtual que pode ser usado na escola. Disponível
em
http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=internet_e_cia.informatica_principal
&id_inf_escola=68. Acesso 17.dez.2007.
DAMASIO, Manuel José. Tecnologias e Educação: As tecnologias da Informação e
da Comunicação e o processo Educativo. Lisboa. PT: Ed. Vega, 2007
GADOTTI, Moacir (Org.) Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000
GUTIERRE, Priscila Brossi. Blogs na sala de aula: Cresce o uso pedagógico da
ferramenta para publicação de textos na Internet.
Disponível em www.educarede.org.br/educa/revista_educarede/especiais (acesso
19.dez.2007)
KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação.
Campinas: Papirus, 2007.
JONASSEN, D.H. Computadores como ferramentas cognitivas. Porto: Porto Editora,
2007
MARTÍNEZ, Jorge H. Guitiérrez. Novas tecnologias e o desafio da educação. IN:
TEDESCO, Juan Carlos (org.) Educação e Novas Tecnologias: esperança ou
incerteza. (tradução de Claudia Berliner, Silvana Conucci Leite; São Paulo: Cortez;
Buenos Aires: Instituto Internacional de Planeamiento de La Educacion; Brasília:
UNESCO, 2004
MORAN, José Manuel. Como utilizar as tecnologias na escola. Disponível em
http://www.eca.usp.br/prof/moran/utilizar.htm, acesso em 10.mai.2007
POZO, Juan Ignácio. “A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter
informação em conhecimento”. Disponível em www.bookman.com.br/patioon
line/patio.htm.. acesso em 16.mai.2007
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